Retrospectiva 2020: "Big Brother Brasil 20" e "A Fazenda 12" reescrevem histórias dos realitys de confinamento no Brasil
2020 foi um ano marcado pela pandemia do novo coronavírus, que transmite a Covid-19. Com o risco de contágio muito alto, as autoridades se viram obrigadas a promover ações de isolamento social, com o fechamento do comércio e de vários outros setores. Além disso, as emissoras de televisão tiveram que se reinventar e as gravações de novelas, séries e outros programas foram interrompidas durante boa parte do ano. Com isso, um formato em especial ganhou grande importância na vida dos brasileiros: os realitys de confinamento, que já aplicavam o chamado isolamento durante os três meses que os participantes ficam em uma casa, sem receber notícias do mundo externo e sem TV, celular e outros aparelhos tecnológicos. Na terceira parte da Retrospectiva 2020 deste blog, vamos abordar o fenômeno dos realitys "Big Brother Brasil 20" e de "A Fazenda 12".
BIG BROTHER BRASIL 20
O Big Brother Brasil 20, no ar entre 21 de janeiro e 27 de abril, foi um grande fenômeno de audiência e repercussão, além de obter resultados impressionantes de faturamento (Foto: Reprodução/Globo) |
Assim que vira o ano, o público já começa a pensar nele: o Big Brother Brasil, reality que desde 2002 vem fazendo parte da chamada programação de verão da Globo. Neste ano de 2020, o programa chegou a 20 edições realizadas, o que promoveu novidades tanto no pré-BBB como durante a realização da edição e no pós-BBB. Logo no começo de janeiro, as chamadas já começaram a ser exibidas e o diretor Boninho promovia spoilers nas redes sociais dele e do reality. O locutor já prometia uma edição histórica do Big Brother Brasil, que pela primeira vez reuniria pessoas já conhecidas (grupo que recebeu o nome de Camarote) e os tradicionais participantes anônimos (grupo que recebeu o nome de Pipoca). Além disso, algumas surpresas também foram divulgadas com antecedência, como: um líder com superpoderes, escolhendo as pessoas do grupo VIP e da Xepa, que retornou após ausência no BBB19; um muro que ficou 24 horas na casa, separando os grupos; a realização da prova Bate e Volta, que colocaria mais fogo no parquinho com a volta de indicados ao paredão; celular na casa, que alimentaria um Feed BBB tanto dentro como aqui fora, pelas redes sociais do programa e site; entre outras.
Os participantes foram revelados no dia 18 de janeiro, e a casa, por sua vez, teve seus primeiros cômodos exibidos no dia anterior, 17/01. A casa contou com releituras dos cômodos anteriores e a área externa contou com uma nova decoração. A seleção dos participantes foi bem promissora: no grupo Camarote, foram convidados Babu Santana, Bianca Andrade, Gabi Martins, Lucas Chumbo, Manu Gavassi, Mari Gonzalez, Petrix Barbosa, Pyong Lee e Rafa Kallimann; já no grupo Pipoca, foram selecionados Felipe Prior, Flayslane Raiane, Gizelly Bicalho, Guilherme Napolitano, Hadson Nery, Lucas Gallina, Marcela Mc Gowan, Thelma Regina e Victor Hugo.
Diante do fracasso em enredo do BBB19, havia dúvidas se a edição de 2020 conseguiria atrair novamente a atenção do público. E logo no início, com a seleção de pessoas já conhecidas em suas áreas de atuação e pessoas anônimas, essa dúvida seguiu. Mas logo no começo, com as várias dinâmicas que foram promovidas, como o Muro e a queda do mesmo, a prova Bate Volta e o já conhecido Big Fone, além de uma discussão acerca dos seguidores nas redes sociais e as suas possíveis influências dentro do jogo, deixaram claro que a temporada seria bem diferente da anterior. Logo na segunda semana, uma discussão entre os homens e as mulheres atraiu a atenção, e logo ocorreu a inédita eliminação de quatro brothers seguidos, envolvidos em polêmicas no jogo: Lucas Chumbo, Petrix, Hadson e Lucas. Importante ressaltar que a Casa de Vidro, que ocorreu no começo de fevereiro, também influenciou no jogo.
Aqui fora, o jogo começou a esquentar com a discussão dos homens e mulheres e também a partir de uma disputa entre Bianca, Flayslane e Felipe, que se enfrentaram no quinto paredão da temporada. A partir dali, o reality foi atraindo mais engajamento e repercussão, até que na mesma semana que ocorreu a eliminação da Bianca neste paredão citado, ocorreu a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil. No dia 03 de março, em um paredão com Guilherme, Gizelly e Pyong, ocorreu o primeiro recorde quebrado da história do programa, com mais de 450 milhões de votos. No dia 10 de março, ocorreu a última eliminação com plateia: do Victor Hugo, em uma disputa com Babu Santana e Manu Gavassi. Já no dia 11, quarta-feira, o mundo teve a notícia da declaração de uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde, a OMS. Com isso, a Globo optou por barrar a presença de plateia nas eliminações seguintes e também na final do programa.
Com a declaração de pandemia, as semanas seguintes do reality ficaram fortemente marcadas por ser a única produção inédita no ar, por conta da interrupção das gravações das novelas e também das séries e programas, que deram lugar ao jornalismo. No dia 17, no paredão entre Babu Santana, Pyong Lee e Rafa Kallimann, o público já via as eliminações sem plateia. Após um jogo controverso, Pyong foi eliminado, após a indicação do líder Felipe. Importante destacar a ascensão do Felipe durante o mês de março, quando ganhou duas provas Bate Volta e a prova do líder, que premiou o mesmo com a festa do líder, cujo tema foi a arquitetura. No entanto, o jogo começou a mudar para o arquiteto nas semanas seguintes.
No dia 19 de março, o programa realizou uma de suas maiores provas de resistência, que contou com a vitória de Thelma. Nessa semana, ocorreu a eliminação do Daniel e logo na sequência Gizelly ganhou a liderança. O jogo de Felipe acabou sofrendo grandes baques e o arquiteto foi indicado para o paredão histórico do dia 31 de março, quando enfrentou Mari Gonzalez e Manu Gavassi. Foi o maior número de votos da história dos programas do mundo, com 1.5 bilhão de votos e a eliminação de Felipe Prior, com 56,73% dos votos. O público se engajou muito neste paredão e os famosos fizeram até mutirões para tornar a votação ainda mais envolvente e histórica. E nas redes sociais essa discussão se tornou ainda mais visível, com destaque para as participações de Bruna Marquezine, Bruno Gagliasso, Neymar e vários outros atores, atrizes, cantores, cantoras e jogadores de futebol, que tornaram o reality um dos recordistas do livro dos recordes. Foi realmente histórico.
O programa se diluiu e as eliminações posteriores não chegaram a surpreender: A final ficou entre Manu, Rafa e Thelma. O Big Brother Brasil 20 conseguiu feitos históricos durante os três meses que ficou no ar (21 de janeiro - 28 de abril). O público foi presenteado com uma temporada que contou com participantes que souberam mostrar a que vieram, com um bom enredo e boas tramas, além dos recordes de votação. A temporada conseguiu bons índices de audiência, chegando a marcar 34 pontos de média em seu último programa da temporada. Com certeza entrou na lista das melhores temporadas do formato.
A FAZENDA 12 (RecordTV)
No ar entre setembro e dezembro, 'A Fazenda 12' também foi um grande sucesso em 2020 (Foto: Reprodução/Record TV) |
Apesar do avanço do coronavírus, a Record TV manteve a décima segunda temporada do reality "A Fazenda", apresentado por Marcos Mion. Com uma série de cuidados e protocolos para proteger o apresentador, a equipe e os participantes da temporada, a edição estreou no dia 8 de setembro e ficou no ar até o dia 17 de dezembro, totalizando 101 episódios, o maior número dentre os realitys no Brasil. A seleção dos participantes se mostrou acertada, com destaque para Jojo Todynho, que se tornou a campeã da edição; Biel, que foi o vice campeão; Stefany Bays e Lipe Ribeiro, que ficaram nas terceiras e quartas posições, respectivamente; além de Jake, Mariano, Raissa Barbosa, Lucas Selfie, Cartolouco, entre outros.
A temporada se mostrou um acerto. Com bons momentos, A Fazenda 12 também contou com dinâmicas surpreendentes e foi um sucesso de audiência, repercussão e faturamento. Com uma série de anunciantes - muito por conta do próprio BBB20 -, o reality se tornou um grande potencial de lucros para a Record em 2020. Além disso, em função da popularização dos realitys de confinamento neste ano, as votações conseguiram chegar a números bem impressionantes, com a final também ultrapassando um bilhão de votos, segundo os números divulgados no dia da final, mas abaixo do índice obtido pela votação do Paredão do Bilhão, do BBB20, que obteve 1,5 bilhão de votos. Importante destacar as ótimas provas feitas durante a temporada, que atraiu o público e também as vitórias sobre o "The Voice Brasil", da Globo. A Fazenda 12 conseguiu por muitas vezes a liderança no horário de exibição.
Globoplay x Playplus: sistemas de pay per view mostraram disparidade durante os realitys
Além do programa diário exibido na grade, geralmente as emissoras (Globo e Record) disponibilizam um sistema de pay per view (o já conhecido pague pra ver), no qual é possível assistir os participantes por 24 horas, em diversos cômodos, por meio das câmeras disponíveis. A Globo coloca o sinal disponível através das operadoras de televisão por assinatura e também no streaming GloboPlay. Já a Record disponibiliza apenas o sinal no streaming, o PlayPlus. E durante os realitys, foi possível ver a diferença de tratamento dado ao conteúdo que pode ser visto pelo telespectador que paga para poder acessar praticamente tudo o que acontece no reality.
A Globo disponibiliza dois canais principais no pay per view das operadoras de TV por assinatura, além de um mosaico com as duas câmeras centrais e outras duas que gravam mais do ambiente, diferentemente das duas centrais que gravam mais perto dos participantes. Já no GloboPlay, a emissora disponibilizou em 2020, inicialmente, apenas uma das câmeras principais e outras nove com os cômodos da casa, como confessionário, piscina, Quarto Céu, Quarto Vila, Cozinha Xepa, entre outros.
Com o sucesso e apelos do público, o streaming liberou a segunda câmera principal, presenteando o telespectador com uma grande cobertura do que acontece no Big Brother Brasil. Essa cobertura, por sinal, é realizada de uma forma muito melhor do que a Record faz com o sistema do Play Plus. O telespectador pode escolher o que assistir, em qual local. Já a cobertura de "A Fazenda 12" foi marcada pela falta de respeito ao público, que só podia acompanhar através de uma câmera que é monitorada 24 horas e muitas vezes o telespectador não pode acompanhar momentos chave do programa, como o pós das festas ou alguma discussão mais impactante. Tal fato, portanto, mostra o contraste entre os sistemas de pay per view dos dois realitys.
2020 foi um ano histórico para os realitys de confinamento. O que esperar para 2021?
De uma forma geral, apesar dos problemas apresentados, o ano dos realitys de confinamento foi histórico e tanto como o "Big Brother Brasil 20" como "A Fazenda 12" conseguiram promover boas discussões, teve boas festas, grandes votações, engajamento nas redes sociais grande (um dos melhores) e também foram sucessos de audiência e repercussão, além de faturamento. Em 2021, portanto, se espera mais ainda do "Big Brother Brasil 21", que já estreia no dia 25 de janeiro, uma segunda feira e de "A Fazenda 13", que tem previsão de estreia para setembro. Se espera ainda mais da seleção dos participantes, que agrade o público, além de boas histórias, festas animadas e no caso do reality da Record, uma mudança no sistema de pay per view. Uma câmera a mais já seria de bom tamanho. É aguardar pra ver.
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O ano dos realitys de confinamento, como se pode ver foi um dos melhores. Já para alguns outros, como "The Voice Kids", "The Voice Brasil", "MasterChef" e "Mestre do Sabor" não foi tão bom. Os realitys citados precisam urgentemente de um descanso, para que o público fique com outras formas de entretenimento e depois voltem, com um fôlego a mais.
Na próxima Retrospectiva, o ano do Jornalismo, que teve que fundamental importância em 2020. Aguardem.
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