Copa das Confederações da FIFA 2013: Espanha disputa contra o Uruguai e ganha de 2 a 1

A Espanha não jogava em um gramado brasileiro desde 1981, quando perdeu por 1 a 0 para a seleção brasileira em amistoso em Salvador. Era o ano anterior ao Mundial sediado justamente pelos espanhóis – em que o time verde-amarelo encantou, mas quem levou a taça foi a Itália. De lá para cá, muita coisa mudou. Especialmente com a Fúria, que reencontrou os campos do país pentacampeão em um patamar bem diferente, agora como vitrine máxima do futebol, como maior fenômeno recente. A primeira vez da geração campeã mundial no Brasil foi neste domingo, na Arena Pernambuco, na vitória de 2 a 1 sobre o Uruguai. E com aplausos e vaias, carinho e crítica.

Jogadores comemoram gol da Espanha sobre o Uruguai: primeiro tempo impecável, mas queda de rendimento na etapa final neste domingo (Foto: Copa das Confederações FIFA de 2013/Rede Globo)

A reação do público brasileiro diante da Fúria despertava curiosidade. A discussão levantada na última Eurocopa poderia ser transportada para cá: esse futebol de toques incessantes na bola, de passes sempre imediatos, de avanço em bloco, é um estilo de jogo para encantar ou adormecer?

A Espanha, inicialmente, teve a antipatia do público na Arena Pernambuco. A seleção bicampeã europeia recebeu vaias nos primeiros minutos, no que parecia um misto de respeito a uma equipe tão forte, de apoio ao Uruguai e de inconformidade com um time que tocava a bola com perfeição matemática, mas sem agredir muito.

- É normal que, estando aqui, a torcida apoie mais o Uruguai do que a nós, e creio que as pessoas também desfrutaram de nosso jogo. Somos visitantes em todos os campos – comentou o atacante Pedro.

Torcida oscilou entre apoio ao Uruguai e ânimo
com a Espanha (Foto: Copa das Confederações FIFA 2013/Rede Globo)

Mas logo a Espanha se tornou mais mandante do que visitante. Conforme a Fúria foi encaixotando o Uruguai em seu campo de defesa, o público passou a apoiar a equipe de Vicente del Bosque. Chegou a gritar olé em idos do primeiro tempo. Parecia encantada ao ver uma equipe tão superior ao adversário. A posse de bola chegou a absurdos 86% contra 14%. Só a Espanha jogava.

E com gols. Pedro fez o primeiro. Soldado marcou o segundo. Fàbregas ainda mandou um chute na trave, após lindo corta-luz de Iniesta, o craque do jogo.

Mas veio o segundo tempo. E aí voltaram as críticas. Pudera: a Espanha retornou um tanto preguiçosa a campo. Os toques laterais ficaram mais evidentes do que os avanços. O jogo ficou mais chato. E a torcida voltou a reclamar. Queria mais ação.

Houve. Mas por parte do Uruguai. Luis Suárez acertou um golaço de falta e esquentou os minutos finais da partida. Uma parte considerável do público já havia deixado o estádio. Os torcedores que ficaram, foi evidente, apoiaram o Uruguai. Insuficiente, porém, para o empate.

Encerrado o jogo que marcou a estreia da geração campeã do mundo em terras brasileiras, houve uma mescla de empolgação com o primeiro tempo e de preocupação com o segundo. Pareceram as duas faces de uma equipe que pode encantar ou chatear. E os próprios profissionais da Espanha estão cientes disso. Vicente del Bosque queria ver sua equipe mais agressiva em alguns momentos – na prática, o mesmo desejo da torcida. Ele comentou as vaias.

- Acho que tem a ver com nosso estilo de jogo. Tentamos controlar bem a bola, mas não podemos ficar só tocando. Temos que ganhar penetração, profundidade. Conseguimos isso nos lances necessários – disse ele.
Os grandes campeões costumam lutar contra o pecado da acomodação. A Espanha veio ao Brasil com a mesma base multicampeã nos últimos anos. E parou de jogar no segundo tempo. O cansaço é uma justificativa. A temporada foi pesada para os jogadores. De qualquer forma, ligou um alerta.

- Nossa tarefa principal é manter os jogadores conscientes de que a gente precisa olhar para a frente, ser bons atletas, bons esportistas, e isso nos exige comportamento sempre focado – resumiu Del Bosque.
Dos 11 jogadores que começaram o jogo pela Espanha, sete são do Barcelona: Piqué, Alba, Busquets, Xavi, Iniesta, Pedro e Fábregas. O estilo de jogo da Espanha, amado por muitos, criticados por outros, se assemelha muito com o do Barça. É focado em posse de bola extremada, em movimentação constante e em recomposição muito rápida sem bola.
Confira os dados:
Posse de Bola: Espanha 71%/Uruguai 29%
Tempo: Espanha 42min/ Uruguai 17min
Chutes: Espanha 16/Uruguai 4
Chutes a Gol: Espanha 9/Uruguai 2
Escanteios: Espanha 5/Uruguai 1

Contra o Uruguai, foi impressionante a sequência de desarmes no início do jogo. Os sul-americanos pensavam em sair para o ataque, e logo eram acossados por dois, três, até quatro marcadores. E economizando nas faltas. Foram 13 da Espanha, contra 22 do Uruguai.

Mas o mais assombroso mesmo é a posse. Ao longo do jogo, ela foi caindo. E terminou em 71% para a Espanha. Os campeões do mundo ficaram 42 minutos com a bola sob seu domínio, contra 17 dos campeões da América: 25 minutos a mais.

Com tanta posse, fica difícil o adversário atacar. O Uruguai conseguiu seu gol em um lance de talento de Suárez, uma cobrança de falta preciosa. Mas os charruas tiveram apenas quatro conclusões em todo o jogo. Duas foram na direção no gol. A Espanha teve 16 – nove em gol.

Na quinta-feira, será a vez de o Rio de Janeiro conhecer Xavi, Iniesta e demais craques da Espanha. O jogo será contra o Taiti, às 16h (de Brasília), no Maracanã.

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