Retrospectiva 2020: o ano das reprises na dramaturgia e os destaques de cada faixa
Tradicionalmente, desde 2016, esse blog tem o hábito de fazer retrospectivas sobre as faixas da dramaturgia da Globo. O comum seria dividir em cinco postagens (o ano do Vale a Pena Ver e Novo, o ano da faixa de Malhação, o ano da faixa das 18h, o ano da faixa das 19h e o ano da faixa das 21h). No entanto, em 2020, assim como foi diferente na dramaturgia, em função da Pandemia da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, vamos destacar um ano marcado por reprises em apenas uma postagem. E, claro, vamos analisar por faixas. Segue então a segunda parte da Retrospectiva 2020.
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Avenida Brasil, um fenômeno de audiência e repercussão escrito por João Emanuel Carneiro, conseguiu repetir o feito da sua exibição original em sua primeira reprise. É importante frisar o qual fundamental foi o tratamento dado pela Globo a essa reprise, pois a novela passou praticamente na íntegra (ou seja, sem muitos cortes) e a emissora focou em manter ao máximo o congelamento original da novela, criando até alguns novos de acordo com a edição feita para a reprise. E essa dedicação foi recompensada com a novela chegando a marcar excelentes índices de audiência. Fechou com uma média acima de 20 pontos, acima do esperado para o horário.
A escolha de Êta Mundo Bom! para substituir 'Avenida Brasil' não chegou a ser totalmente uma surpresa, uma vez que já havia sido previamente escolhida para substituir 'Por Amor', no entanto, a Globo acabou escolhendo a novela de João Emanuel Carneiro. Já se esperava que o fenômeno que a trama obteve em 2016 se repetisse no ano de 2020, uma vez que a época da estreia coincidiu com a época em que a maioria das pessoas estavam praticando o isolamento social, em função do novo coronavírus. Importante destacar que a história do personagem Candinho (Sérgio Guizé) foi muito bem conduzida e mereceu o grande sucesso em suas duas exibições na grade da Globo.
Com o sucesso obtido com suas duas reprises de 2020, a Globo resolveu reexibir uma de suas grandes novelas: Laços de Família (2001), escrita por Manoel Carlos e que completou 20 anos neste ano. A trama de Helena (Vera Fischer), Edu (Reynaldo Gianecchini) e Camila (Carolina Dieckmann) foi muito bem conduzida pelo autor e grandes cenas da trama entraram para a história da teledramaturgia, como por exemplo a cena em que Camila tem os cabelos raspados em função do tratamento da leucemia – cena que será passará novamente na TV em 2021. E até o momento a trama vem conseguindo bons índices de audiência e mantendo a qualidade da faixa.
Em 2020, a faixa do Vale a Pena Ver de Novo conseguiu ter apenas novelas que marcaram a história da TV e também um excelente retorno na audiência dessas histórias, mostrando o êxito da Globo nas escolhas feitas. No entanto, uma das faixas mais importantes da Globo, principalmente para a revelação de novos talentos, sofreu um grande baque com a pandemia: a de Malhação. Malhação: Toda Forma de Amar, que terminaria o seu ciclo apenas em abril deste ano, viu seu fim ser antecipado em função do fechamento temporário dos Estúdios Globo e a consequente interrupção das gravações das novelas. No lugar, a emissora optou por reprisar uma das temporadas de maior sucesso, tanto em audiência como em repercussão: Viva a Diferença, exibida entre 2017 e 2018, originalmente.
O ano da faixa, desta forma, foi bastante impactado pela pandemia. A Globo optou por não iniciar as gravações de uma nova temporada, principalmente pelo fato de ser uma produção que requer muitos atores e também uma grande quantidade de capítulos (geralmente cada temporada chega a ter mais de 200 capítulos, dependendo da audiência e repercussão). No entanto, o término de Toda Forma de Amar foi decepcionante, em função até do desenvolvimento que o autor (Emanuel Jacobina) fez na produção.
Já Malhação: Viva a Diferença foi uma excelente escolha, já que Cao Hambúrguer foi muito feliz nessa produção e tudo deu certo: enredo, elenco, condução de casais, abordagem dos temas atuais, enfim, uma das melhores temporadas da faixa. Já a audiência no ano foi muito boa, com índices entre 17 e 20 pontos, acima da meta estipulada pela emissora e até mesmo por ter uma trama reprisada durante boa parte do ano (desde março). Para 2021, o ano seguirá sem uma produção inédita, já que a temporada Sonhos, de 2014, será a escolha. Só será exibida uma temporada inédita, de título Transformação, em 2022, caso tudo dê certo no que se refere a vacina e a situação da pandemia.
Faixas das 18h, 19h e 21h: profundamente afetadas com a pandemia
No ano da faixa das 18h, o término de uma trama inédita como foi planejado (Éramos Seis) e duas reprises (Novo Mundo, de 2017 e Flor do Caribe, de 2013). O ano começou com a reta final da primorosa Éramos Seis, que teve uma boa condução, além de um ótimo elenco e uma trilha sonora muito bem selecionada. As reprises de Novo Mundo e Flor do Caribe se mostraram bem feitas, apesar da trama de época que contou parte da história do Brasil ter derrubado os índices da trama inédita. Já Flor do Caribe se mostrou uma boa escolha, apesar de não ser uma excelente novela e aumentou os índices de Novo Mundo.
Já na faixa das 19h, tivemos o término de Bom Sucesso, um fenômeno de Rosane Svartman e Paulo Halm; o início de Salve-se Quem Puder, que teve sua produção interrompida por conta da pandemia; e as reprises de Totalmente Demais (2016) e Haja Coração (2017). Bom Sucesso, que terminou seu ciclo ainda em janeiro, se mostrou mais uma produção acertada pela dupla Rosane Svartaman e Paulo Hall. A história foi muito bem conduzida, o elenco bem selecionado, a trilha sonora agradou e teve muitas cenas marcantes através do personagem Alberto, interpretado por Antônio Fagundes. Grazi Massafera e Rômulo Estrela também fazem parte dos destaques do elenco dessa grande novela. Já "Salve -se Quem Puder", de Daniel Ortiz, não chegou a completar dois meses no ar, em função da interrupção temporária das gravações das novelas e teve sua primeira fase finalizada no dia 28 de março. Até então, vinha se mostrando uma boa novela. Com as gravações paralisadas, a dupla de Bom Sucesso e o autor da então novela inédita das 19h voltaram ao ar, com suas obras anteriores: a excelente Totalmente Demais, que conseguiu índices acima da sua exibição original e a mediana Haja Coração, que teve uma condução controversa pelo autor. No entanto, as reprises foram ótimas escolhas e o horário das 19h se manteve com bons índices de audiência.
O ano da faixa das 21h também foi complicado para a produção inédita que estava no ar. Amor de Mãe teve suas gravações interrompidas em março, assim como a novela das 19h, e deu lugar às reprises de Fina Estampa (2011) e A Força do Querer (2017). Em relação a primeira trama de Manuela Dias, o público estava acompanhando a melhor fase a novela, quando as gravações acabaram sendo interrompidas por conta da Pandemia. Apesar de controversas, as escolhas das reprises de Fina Estampa, escrita por Aguinaldo Silva, e A Força do Querer, de Glória Perez, se mostraram bem feitas. O horário pouco sofreu com a audiência e os números se mantiveram bons, principalmente levando em conta o fato de serem reprises. No entanto, cabe frisar que A Força do Querer acabou derrubando os índices obtidos até então por Fina Estampa, que chegou a picos de 40 pontos e médias de 33 a 35 pontos. A trama de Glória Perez vem obtendo médias entre os 27 e 32 pontos, índices considerados razoáveis.
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Pela Retrospectiva, ficou claro que não foi um ano fácil para o setor cultural, e na dramaturgia não foi diferente. Fica a torcida para que em 2021 as tramas inéditas consigam retornar e principalmente com a aplicação de uma vacina segura e eficaz contra o novo coronavírus. Vamos torcer e aguardar para que tudo isso passe e voltemos a acompanhar as nossas novelas. E em breve teremos a retrospectiva do BBB, da Fazenda e do The Voice Brasil, com uma análise mais direcionada em relação a cada edição. Aguardem.
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