Retrospectiva 2017 - #5: o ano em que as novelas das 21h voltaram a conquistar o telespectador

A Retrospectiva 2017 das faixas de novelas da Globo em 2017 chega ao fim nesta sexta-feira, 29 de dezembro. Depois de analisar a faixa das reprises, de Malhação, das novelas das 18h e das 19h, chegou a hora de falar sobre como foi o ano da faixa das 21h. Vamos lá?

+ Retrospectiva 2017: confira aqui todas as partes
+ Relembre a Retrospectiva 2016 da faixa das 21h, publicada em janeiro deste ano

☆☆ RETROSPECTIVA 2017 ☆☆
Quinta parte: Novelas das 21h da Globo

PRODUÇÕES EXIBIDAS NA FAIXA (em 2017):
■ "A Lei do Amor": De Maria Adelaide Amaral e Vicent Villari, estreou no dia 3 de outubro de 2016 e ficou no ar até o dia 1° de abril deste ano.
■ "A Força do Querer": Escrita por Glória Perez. Foi exibida entre os dias 3 de abril e 20 de outubro deste ano.
■ "O Outro Lado do Paraíso": Escrita por Walcyr Carrasco. Está sendo exibida desde o dia 23 de outubro.

Com exceção de "A Lei do Amor", 2017 teve boas histórias às 21h (Foto: Montagem)

Desde 2015, com o fiasco retumbante de "Babilônia", a Globo viu os índices da faixa das 21h chegar a níveis catastróficos. A trama que teve apenas 25 pontos de média geral, acabou prejudicando as novelas que vieram a seguir: "A Regra do Jogo", "Velho Chico" e "A Lei do Amor" acabaram sendo grandes fiascos de audiência. No entanto, tudo começou a mudar neste ano de 2017, com os fenômenos "A Força do Querer" e "O Outro Lado do Paraíso".

> "A Lei do Amor" foi aniquilada e infelizmente foi uma decepção

Cheia de expectativas, "A Lei do Amor" acabou sendo mais uma decepção na faixa das nove (Foto: Divulgação)

Entre outubro de 2016 e abril deste ano, a Globo exibiu a novela "A Lei do Amor". De início, a trama escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari parecia ser uma ótima produção e que iria recuperar o horário das nove da emissora. Infelizmente, a trama acabou sendo aniquilada: personalidades de personagens sendo destruídas, como a de Jéssica (Marcella Rica)  e de Bruno (Armando Babaioff); saída de vários personagens da trama, com o objetivo de enxugar o elenco; as mortes de Beth (Regiane Alves) e de Fausto (Tarcisio Meira), entre outros...

Os núcleos paralelos da trama, como de Salete (Cláudia Raia) e Mileide (Heloisa Périssé) também deixaram a desejar, bem como a destruição da personalidades dos protagonistas: Helô (Cláudia Abreu) e Pedro (Reynaldo Gianecchini). No geral, "A Lei do Amor" acabou sendo mais uma novela das 21h esquecível, comprovada pela média geral da mesma: apenas 27 pontos de média, derrubando dois pontos de "Velho Chico", que fechou com 29. Pra esquecer.
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》Vale aqui destacar um fato antes de começarmos a falar de "A Força do Querer". No dia 29 de março deste ano, o sinal analógico foi desligado na Grande São Paulo. Consequentemente, as emissoras RecordTV, SBT e RedeTV resolveram sair do line-up das operadoras de televisão paga. Tal fato acabou acarretando na queda dos índices das três emissoras citadas e favorecendo a Globo, que se viu diante de um cenário totalmente favorável por seis meses, perdendo a liderança raramente e vendo a audiência da sua grade de programação subirem. Cabe aqui ressaltar que o sucesso de "A Força do Querer" foi também com méritos próprios, mas que o cenário era amplamente favorável com o enfraquecimento das concorrentes, isso ninguém pode negar.

> A Força do Querer: a novela do ano, sem sombra de dúvidas


"A Força do Querer" devolveu a qualidade e a audiência e repercussão e ganhou o título de melhor novela de 2017 (Foto: Divulgação)

Depois de quatro fracassos seguidos na faixa das 21h e cinco anos depois da exibição da problemática "Salve Jorge" (2012/13), Glória Perez teve a chance de se redimir com "A Força do Querer". E agarrou-a com forças e dentes. Depois de várias obras com núcleos em outros países, como Índia (Caminho das Índias, 2009) e Turquia (na já citada Salve Jorge), a autora resolveu ambientar a sua história apenas no Brasil. E fez muito bem. Destacou Belém e Manaus, no norte do Brasil, em alguns momentos da trama, que foi contada também no Rio de Janeiro, como a maioria das novelas dela e da Globo.

A autora optou por dar o protagonismo da novela para três atrizes: Isis Valverde (Ritinha), Juliana Paes (Bibi) e Paolla Oliveira (Jeiza). E não poderia ter escolhido melhor as atrizes e os papéis dados as mesmas. As três honraram ser protagonistas da novela das nove. Ritinha vivia dizendo ser "filha do boto" e também não queria ficar longe das águas, se considerando uma sereia. Protagonizou um triângulo amoroso com Zeca (Marcos Pigossi) e Ruy (Fiuk) ---- que se afogaram na infância, no primeiro capítulo e no último, devido ao fato de ficarem ligados a Ritinha. No final, acabou ficando sozinha e deixou os dois cuidando do filho, Ruyzinho. Isis se destacou na trama, sendo parte dos núcleos cômicos da novela e teve grandes cenas com Marcos Pigossi, Fiuk, Zezé Polessa, Edson Celulari, Maria Fernanda Cândido, Dan Stulbach, entre outros. Foi um dos melhores papéis de sua carreira.

Já Bibi, interpretada por Juliana Paes, foi inspirada em uma mulher da vida real: Fabiana Escobar, que havia se envolvido com um traficante e acabou cometendo as maiores loucuras, que na visão dela, foram por amor. Esse foi um dos melhores papéis da atriz, que acabou se perdendo na vida depois de se apaixonar por Rubinho (Emílio Dantas, que fez um excelente papel) e querer "amar" e ser "amada" grande. Acabou sendo desprezada pelas pessoas. Sua mãe, Aurora (Elizângela, sempre ótima) e o seu grande amor do passado Caio (Rodrigo Lombardi) fizeram de tudo para fazer com que ela caísse na real, o que acabou acontecendo apenas no último mês da novela. Teve um final feliz, ao lado de Caio e do filho: Dedé (João Bravo, grata revelação de 2017); A última protagonista foi Jeiza, vivida por Paolla Oliveira, que viveu também um dos seus melhores momentos na teledramaturgia. A policial e lutadora de MMA lutou além do octógono. A guerra contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro foi um dos desafios da personagem. O romance com o marrento Zeca também foi um dos destaques. O casal 'Jeizeca' foi o melhor da novela. Vale mencionar uma grande cena interpretada pela atriz, quando um colega seu de trabalho é assassinado apenas pelo fato de ser policial. O grito da atriz foi arrepiante, demonstrando a sensação de mais de 132 familias de PM's assassinados apenas este ano no Rio de Janeiro. Entrou para a história. No final, acabou ficando com Zeca, apesar de ter tido um curto romance com Caio. A personagem também ganhou o cinturão do UFC e teve gêmeos.

No campo das revelações da novela, sem dúvidas nenhuma, o grande destaque foi Carol Duarte. Ivana nunca havia se identificado com o seu gênero e na grande virada da novela, depois do capítulo 100, descobriu que era um transgênero. O público pôde acompanhar o sofrimento da personagem por mais de 100 capítulos e depois a sua transformação em Ivan. A coragem da atriz em cortar de verde os cabelos mostra a entrega da mesma pela sua personagem. O prêmio do Melhores do Ano foi mais que merecido e não será nenhuma surpresa se a atriz levantar novos troféus nas premiações referentes a 2017 que devem acontecer no primeiro semestre de 2018. Outra grata revelação da novela foi Silvero Pereira, que viveu Nonato, que buscava o seu ganha-pão como Elis Miranda. Com certeza Silvero vai longe. Fechando os grandes destaques na categoria 'Revelação', Jonathan Azevedo (Sabiá) e João Bravo (Dedé) também merecem elogios e devem aparecer cada vez mais na televisão.Também merece menção os veteranos, como Tonico Pereira, Maria Fernanda Cândido, Débora Falabella, Dan Stulbach, Lília Cabral (que brilhou como a viciada em jogos Silvana), entre outros.

 "A Força do Querer" mostrou como os autores que tiveram obras decepcionantes podem dar a volta por cima e conseguir índices de audiência expressivos (36 pontos de média geral na Grande São Paulo; recorde de 50 pontos no último capítulo) e uma grande repercussão (foi uma das tramas mais comentadas em 2017). Glória Perez fez uma grande novela e todos os elogios, índices de audiência e prêmios são mais que merecidos.

> "O Outro Lado do Paraíso": Primeira fase longa demais afasta o público, mas grandes cenas e reviravoltas na segunda fase tornam a novela um fenômeno


Trama de Walcyr Carrasco começou cambaleando, mas se recuperou à tempo. Será que vai manter o fôlego até maio de 2018? (Foto: Divulgação)

"O Outro Lado do Paraíso" estreou no dia 23 de outubro, uma época difícil em questão de audiência. E a missão do autor Walcyr Carrasco era bem diferente daquela de 2012, quando substituiu um grande fracasso de Glória Perez. Desta vez, iria suceder uma trama que foi um fenômeno de audiência e repercussão, com 36 pontos de média geral. Muita gente até duvidou que os índices explosivos de "A Força do Querer" seriam mantidos pela nova produção das 21h, muito em função da época ---- fim de ano. As cinco primeiras semanas (que curiosamente foram destinadas a primeira fase da novela) seguiram um caminho de queda: 31.0 (na primeira semana, de 23 à 28 de outubro, quando deixou de ser exibida no dia 25, uma quarta-feira), 29.5 (na segunda semana, de 30 de outubro à 4 de novembro), 30.0 (na terceira semana, de 6 à 11 de novembro), 29.5 (na quarta semana, de 13 à 18 de novembro e 27.7 (na quinta semana, de 20 à 25 de novembro).

No entanto, tudo começou a mudar  no dia 26 de novembro, quando a trama entrou em sua segunda fase. Preocupada com os baixos índices alcançados pela novela, a Globo fez uma grande divulgação do relançamento da novela. No dia em que Clara (Bianca Bin) começa o caminho para sair do hospício onde foi internada por Sophia (Marieta Severo), a trama bate um recorde de audiência desde a estreia: 36 pontos de média. No dia seguinte, 28 de novembro, novo recorde: 39 pontos. Duas semanas depois, mais dois recordes: 40 (no dia 11 de dezembro) e 42 pontos (no dia 12 de dezembro). Conseguiu repetir as médias acima dos 40 pontos mais duas vezes e desde então se mantém na faixa dos 32 à 39 pontos.

Como explicar uma reviravolta dessas em uma faixa que nessa década foi difícil de consolidar um público na frente da televisão? A velha fórmula da vingança e da justiça ajudam a entender o sucesso desta produção de Walcyr Carrasco. Depois de sofrer muito na primeira fase da novela, Clara resolve se vingar de todas as pessoas que a fizeram mal: Gael (Sérgio Guizé ---- batia na esposa e acabou preso já na segunda fase da novela, de onde só sai na primeira semana de janeiro de 2018), Samuel (Eriberto Leão ---- psiquiatra, assinou o laudo que atestava que a mocinha era louca), Sophia (Marieta Severo ---- fez de tudo para se tornar dona das esmeraldas de Clara, a internando em um hospício), Gustavo (Luis Melo ---- juiz que assinou a interdição de Clara) e o Delegado Vinícius (Flávio Tolezani ---- não ajudou Clara, aliviou as agressões de Gael e pediu avaliação psicológica de Clara).

Vale destacar dois fatos históricos alcançado por "O Outro Lado do Paraíso" neste ano de 2017. Pela primeira vez desde "Senhora do Destino", uma novela das nove consegue elevar sua média de maneira assustadora. Além disso, no dia 14 de dezembro, uma quinta-feira, bateu recorde neste dia da semana desde 2006. Marcou 42 pontos de média.

"O Outro Lado do Paraíso" não é uma trama excelente como "A Força do Querer" foi. Os núcleos paralelos da trama de Walcyr chegam a constranger a quem assiste, mas o núcleo central compensa tudo. A vingança de Clara é sem dúvidas, o principal trunfo da novela das nove. A média da novela está em 33 pontos, já superando a produção de Glória Perez no mesmo período. É impressionante como Walcyr Carrasco só escreve sucessos.

Após uma crise de dois anos, finalmente a Globo pôde rir à toa com a faixa das 21h em 2017. Os fenômenos "A Força do Querer" e "O Outro Lado do Paraíso" fizeram o telespectador voltarem a assistir as produções das nove da emissora. Será que o mesmo fôlego será mantido em 2018? Só o futuro dirá.
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(BÔNUS) Retrospectiva: um ano cheio de grandes novelas na Globo


2017 foi um ano promissor na dramaturgia global. Às 16h30, as reprises de "Cheias de Charme", "Senhora do Destino" e "Celebridade" foram escolhas muito bem acertadas; "Malhação" reencontrou seu caminho com a atual temporada,  intitulada de "Viva a Diferença", que emociona a cada dia e o elenco todo se destaca; às 18h, "Novo Mundo" foi a melhor novela da faixa e "Tempo de Amar" agrada, apesar do ritmo lento; às 19h, a grande produção foi "Rock Story", com uma história contada com muito romance e música; e às 21h, "A Força do Querer" e "O Outro Lado do Paraíso" arrebatam o público, sendo a novela de Glória Perez a melhor produção de 2017.

Todas as novelas citadas acima tiveram grandes cenas: em "Malhação - Viva a Diferença", a mais marcante sem dúvidas foi o parto de Keyla em pleno metrô de São Paulo. Em "Novo Mundo", Domitila sendo desmascarada, expulsa de casa; Anna gritando após Joaquim ser atingido por Thomas; a Independência do Brasil sendo declarada por Dom Pedro foram algumas das cenas mais marcantes.

Em "Rock Story", as cenas em que Lorena é atingida em assalto e morre; Gui Santiago pedindo Júlia em casamento em pleno show, com direito a participações especiais; Nicolau contando para a família e os amigos da banda 4.4 do seu câncer; e a cena final da novela, com todos cantando "Paula e Bebeto" merecem menção. Já em "A Força do Querer", várias cenas mereciam menção, mas vamos destacar: Aurora contando a localização da casa de Rubinho e Bibi; aniversário de Dedé sem nenhum dos amigos; Jeiza vendo Gerson, seu colega de profissão sendo morto e o grito arrepiante; Ivana revelando que é trans; reconciliação de Ivan e Joyce; morte de Irene; afogamento de Ruy e Zeca; luta de Jeiza, entre outras.

Ufa! Foram cinco retrospectivas sobre as novelas em 2017. Mas ainda não acabou. Ainda neste domingo (31/12), o ano da RecordTV e o ano do SBT, além da mistura de séries boas e ruins e também a Retrospectiva dos realitys encerra a Retrospectiva 2017 da televisão neste ano. Aguarde.
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LEIA MAIS: RETROSPECTIVA 2017

> 25/12: O ano da faixa de reprises da Globo
> 26/12: o ano da faixa de Malhação, na Globo
> 27/12: o ano da faixa das 18h da Globo
> 28/12: o ano da faixa das 19h da Globo

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