Velho Chico foi marcada pelas grandes interpretações, elenco enxuto e uma produção caprichada

Após mais de seis meses no ar "Velho Chico", novela das nove da Rede Globo chega ao fim nesta sexta-feira, 30 de setembro, teve duas fases distintas e contou a história de Santo (Domingos Montagner) e Tereza (Camila Pitanga), em 172 capítulos. A trama escrita por Bruno Luperi e Benedito Ruy Barbosa não foi, realmente, um novelão, mas a sua caprichada produção (trilha sonora, elenco e fotografia) foi a melhor do horário dos nove dos últimos anos.


Concebida inicialmente para o horário das 18h, a novela acabou sendo remanejada para a faixa das 21h, depois do enorme fracasso de "Babilônia" e o difícil começo de "A Regra do Jogo". "Velho Chico" teve um elenco enxuto, que deu chance para a grande maioria brilhar, teve uma primeira fase impecável e uma trilha sonora muito bem selecionada.


PRIMEIRA FASE IMPECÁVEL
A primeira fase de Velho Chico foi contada em 24 capítulos, exibidos entre os dias 14 de março e 9 de abril, e contou com um elenco de peso: Rodrigo Santoro (que após 14 anos voltou para a televisão brasileira, fazendo o protagonista da novela, Afrânio), Selma Egrei (que esteve nas duas fases da novela), Rodrigo Lombardi, Carol Castro, Chico Diaz, Tarcisio Meira, Renato Góes, Julia Dalavia, Fabíula Nascimento, Pablo Morais, Marina Nery, entre outros. Nesta parte da trama, toda a história foi introduzida. Afrânio (Rodrigo Santoro) vivia em Salvador, onde conheceu Iolanda (Carol Castro), mas com a morte do seu pai, Coronel Jacinto (Tarcísio Meira), acabou sendo obrigado a assumir o comando da fazenda do pai, pela sua mãe Encarnação (Selma Egrei). Ele assume os negócios na cidade fictícia de Grotas de São Francisco, quando um incêndio acontece no galpão do capitão Rosa (Rodrigo Lombardi), que vê sua plantação de algodão destruída por causa do ato de Clemente (Julio Machado) ---- a mando de Afrânio. O personagem de Rodrigo Santoro se vê obrigado a sumir por um tempo, com medo de ter seu nome vinculado ao ato criminoso.


Nessa viagem, Afrânio acaba conhecendo Leonor (Marina Nery), uma mulher sonhadora à busca de um príncipe encantado e acaba se envolvendo com ela. Após fazerem amor, acaba sendo flagrados pelo pai da personagem, que os obriga a casar. Dito e feito. Os dois se casam, contra a vontade de Encarnação, que faz a vida da esposa de Afrânio um verdadeiro inferno. A morte do capitão Ernesto Rosa (Rodrigo Lombardi) deixa o mistério do ar de quem foi o mandante do assassinato do homem que era um dos rivais dos de Sá Ribeiro, mistério este que viria a ser desvendado na segunda fase da novela.

Leonor acaba engravidando de Maria Tereza (Isabella Aguiar e Julia Dalavia na primeira fase), mas para desgosto da família, que queria um menino para herdar as terras dos de  Sá Ribeiro. Ainda na primeira parte do folhetim, nascem Bento (filho de Belmiro e Piedade |  e Vitor Aleixo e Diyo Coelho vivem o personagem na primeira fase da novela), Luzia (Fabiana Ferreira e Larissa Góes na primeira fase) ---- adotada por Ernesto Rosa e Eulália ---- e Santo (Rogerinho Costa e Renato Góes na primeira fase, também filho de Belmiro e Piedade).


Oito anos se passam e a novela sai dos anos 70 e vai para os anos 80, com Leonor mais uma vez grávida, agora de um menino. Embora o médico Dr. Emílio (Leopoldo Pacheco) tenha alertado Afrânio e a companheira para o perigo de uma segunda gravidez, a mulher dele não desiste de dar um filho homem, e é aí que Martim (Davi Caetano nesta primeira fase) nasce. Ela acaba não resistindo e morre.

Afrânio, se vê então, agora sozinho e com a obrigação de cuidar de seus dois filhos. Durante uma procissão, Santo e Tereza, crianças, se encontram pela primeira vez. E, a partir da segunda e última passagem de tempo da primeira fase da novela, é iniciado o principal conflito da novela: o amor entre o casal de duas famílias rivais, repetindo o que Benedito Ruy Barbosa já havia abordado em produções anteriores, como "O Rei do Gado (1994).


Santo (nesse momento da novela vivido por Renato Góes) e Tereza (vivida por Julia Dalavia) aparecem se beijando e divertindo no Rio São Francisco, mas em um destes encontros, acabam sendo flagrados por Cícero (Lucca Fontoura viveu o personagem depois da passagem de tempo de oito anos; Pablo Morais viveu o personagem neste momento da novela), filho de Clemente e Doninha (Barbara Reis) e que desde criança nutria um amor pela filha de Afrânio. Irado pelo fato de perder Tereza para Santo, ele acaba armando uma emboscada para o agora inimigo, mas acaba atingindo Belmiro, que salva o filho, mas acaba morrendo. É aí que Bento jura vingança.

Ele não pensa duas vezes e conta tudo para o pai de Tereza, que resolve internar a menina em um colégio interno, com a intenção de manter ela longe de Santo. Entretanto, ela acaba descobrindo que está grávida, o que faz com que seu pai resolva levar ela de volta para casa. Afrânio, então, resolve casar a filha com Carlos Eduardo (Rafael Vitti), para desespero de Santo. Embora Terê tivesse escrito cartas para o amado, revelando sua gravidez, elas acabam sendo queimadas por Luzia, que acaba se envolvendo com a paixão de Tereza. Afrânio e Iolanda acabam se reconciliando, para desgosto de Encarnação.


A primeira fase da novela foi encerrada no dia 9 de abril, com o rápido casamento de Tereza e Carlos Eduardo e uma retrospectiva do que aconteceu nos 24 primeiros capítulos da produção. Esta fase foi primorosa, um verdadeiro presente para os olhos. O capricho da produção da novela ficou evidente, e o clima lúdico que o diretor Luiz Fernando Carvalho colocou em cena deixou este primeiro momento da novela simplesmente perfeito, embora uma certa lentidão nos acontecimentos tenha sido notada. Nada que afetou o conjunto primoroso desta primeira fase.

SEGUNDA FASE: Enredo



A segunda fase de "Velho Chico" foi contada nos 148 capítulos restantes, e foi iniciada com uma passagem de tempo de 30 anos e no aniversário de 100 anos de Dona Encarnação. A partir daí, inúmeros conflitos aconteceram: Tereza retorna para Grotas de São Francisco, ao lado de Carlos Eduardo; Tereza e Santo se reencontram; Luzia mantém escondidas algumas das cartas que Tereza escreveu para Santo; Bento desiste de vingança contra Afrânio; Tereza e Santo se beijam depois de 30 anos; Tereza revela para Santo que ele é pai de Miguel; Martim retorna para a cidade, mas não faz as pazes com Miguel; Bento se envolve com Beatriz (Dira Paes); Lucas (Lucas Veloso) se apaixona por Olívia (Giullia Buscacio), mas não é correspondido; Olívia acaba se apaixonando por Miguel (Gabriel Leone), entre outros.

Analisando a segunda fase de Velho Chico, certas escolhas causaram o estranhamento do público, como o fato do Afrânio do Rodrigo Santoro ser bem diferente do Afrânio de Antônio Fagundes. A peruca do Coronel Saruê também provocou questionamentos. Entretanto, tudo ficou sendo esclarecido ao longo da novela: a peruca era para mostrar a vaidade de Afrânio, que não queria reconhecer que estava ficando velho. A fotografia e a estética da novela também afastou parte do público, pois muitas vezes nem parecia que a novela estava em 2016.

ELENCO ENXUTO, MAS GRANDIOSO
"Velho Chico" contou com um grande elenco em ambas as fases, mas foi na segunda que foi dada a chance de todo o elenco brilhar, muito em função de ser um elenco bem enxuto (pouco mais de 40 nomes, entre protagonistas, coadjuvantes e participações especiais).


Domingos Montagner, que infelizmente morreu no último dia 15 de setembro, pôde mostrar todo o seu talento como Santo, na fase adulta do personagem. Sua química com Camila Pitanga e Lucy Alves ficou evidente em todas as cenas com as atrizes. A sua grande cena na novela foi o acerto de contas com Afrânio, na penúltima semana da novela. Também merecem menção as cenas do reencontro de Santo e Tereza, após 30 anos separados; a cena em que Tereza conta que ele é pai de Miguel; e a última cena gravada pelo ator, com Camila Pitanga e Gabriel Leone. Foi um dos seus melhores papéis em novelas e que lamentavelmente, encerrou sua precoce, mas grande carreira.

Camila Pitanga conseguiu se livrar da sombra de Regina, mocinha irritante de "Babilônia" (2015) e brilhou como Maria Tereza. Suas cenas foram cheias de dramaticidade, mas a atriz soube conduzir todas elas e protagonizou grandes embates com Antônio Fagundes e Marcelo Serrado, e lindas cenas com Cristianne Torloni, Domingos Montagner e Gabriel Leone. Mostrou a grande atriz que é.


Cristianne Torloni, por sua vez, teve pouco destaque na novela, que foi aumentando cada vez mais na reta final da novela. Entretanto, a atriz pôde mostrar todo o seu talento como a Iolanda, que apaixonada por Afrânio, nunca desistiu de encontrar aquele homem que um dia amou.  Depois da morte de Encarnação, ela acaba resolvendo ir embora, mas não perdendo as esperanças. As cenas da reconciliação do casal, que foram ao ar no penúltimo capítulo, mostrou pela primeira vez o Afrânio de Rodrigo Santoro em Antônio Fagundes e a Carol Castro na Cristianne Torloni. Grandes cenas que valorizaram o talento da atriz.


Lucy Alves sem dúvida, é a grata revelação feminina da novela das nove. Luzia foi muito bem conduzida pela até então cantora (que teve seu destaque aumentado ao participar do The Voice Brasil), que protagonizou grandes cenas ao lado de Camila Pitamga Domingos Montagner e Zezita Matos. Que venham novas novelas para ela!


Gabriel Leone também se destacou interpretando Miguel; Giullia Buscacio se destacou como Olívia. A química do casal "Oliguel" foi bastante evidente na novela e o casamento dos dois comprovou ainda mais isso.


Antônio Fagundes foi detonado por não ter conduzido a linha do Afrânio de Rodrigo Santoro, mas ao longo da novela, o 'resgate' do Afrânio foi acontecendo, muito em função da destruição da figura do Coronel Saruê. O ator mostrou porquê é um dos grandes do segmento, deixando evidente o seu talento. O Afrânio já entrou na galeria de seus melhores papéis.


Outra atriz que merece menção é Selma Egrei, que depois de não ter sido valorizada em "Sete Vidas" (2015), mostrou todo seu talento como a amargurada Dona Encarnação, que vivia pensando na morte e sofria com a morte do filho Inácio e com o desaparecimento ds Martim ---- que havia fugido da fazenda após muitas discussões com o pai, Afrânio. Selma Egrei protagonizou grandes cenas tanto sozinha (como na cena de sua morte) como ao lado de Antônio Fagundes, Camila Pitanga, Carlos Vereza, Cristianne Torloni, Gabriel Leone, Rodrigo Santoro e Zezita de Matos. O fato de não ter sido morta na passagem de 30 anos ---- o que fez com que ela chegasse na segunda fase com 100 anos de idade ---- se mostrou uma escolha muito bem acertada, pois fica difícil imaginar o que seria da novela sem o talento desta grande atriz que interpretou uma grande personagem. Vale elogiar a caracterização da personagem, já que a atriz tem 67 anos na vida real e realmente ficou com cara de centenária na novela.



Lee Taylor foi a grata revelação masculina de "Velho Chico", e Martim foi um dos perfis mais complexos da novela. O ator, que até então só havia feito peças de teatros e alguns filmes, mostrou que tem futuro. Fez grandes cenas ao lado de Antônio Fagundes, Cristianne Torloni e Selma Egrei.

Marcelo Serrado mostrou o grande ator que é como o vilão Carlos Eduardo, que teve sua verdadeira faceta revelada ao longo dos capítulos. O ator se destacou na novela e suas cenas ao lado de Antônio Fagundes, Camila Pitanga, Domingos Montagner, Gabriel Leone, Lee Taylor, por exemplo, foram ótimas.

Outros atores se destacaram na novela e merecem menção: Marcos Palmeira (Cícero), Iradhir Santos (Bento), Dira Paes (Beatriz), Mariene de Castro (Dalva), Luci Pereira (Cecília), Zezita de Matos (Piedade), Suely Bispo (Doninha), Carlos Vereza (Padre Benício), Gésio Amadeu (Chico Criatura), Lucas Veloso (Lucas), Batoré (Queiroz), Saulo Laranjeira (Prefeito Raimundo), entre outros nomes.

PERDAS DURANTE A NOVELA
Ao longo da novela, duas mortes abalaram a produção, o elenco,os autores e o público de Velho Chico. Logo em abril, pouco mais de um mês, depois da estreia da novela, no dia 25 de abril, Umberto Magnani, que fazia o padre Romão, sofreu um AVE (Acidente Vascular Encefálico), que acabou causando o seu afastamento da novela das 21h, sendo substituído por Carlos Vereza.  Na madrugada do dia 26 para o dia 27 de abril, foi submetido a uma cirurgia, mas acabou não resistindo e morrendo dois dias depois. Na novela, foi dito que o Padre Romão havia feito uma viagem e que a cidade estava com um novo padre, chamado de Benício. Foi uma perda muito triste. Umberto havia feito novelas como Laços de Família (2000), Mulheres Apaixonadas (2003), Páginas da Vida (2006), Amigas e Rivais (2007), Chamas da Vida (2008), Ribeirão do Tempo (2010), entre outras e estava retornando à Globo depois de fazer o personagem Juca, na série "Conselho Tutelar", na Record.

Cinco meses depois, faltando apenas duas semanas para a exibição do último capítulo da novela, faleceu Domingos Montagner. O ator estava em um momento de folga das gravações da novela, quando resolveu, depois de almoçar, dar um mergulho ao lado da companheira Camila Pitanga em uma região do rio chamada de "Prainha" e infelizmente, foi levado pela correnteza do rio e encontrado morto duas horas depois. Foi uma perda impactante e daquele que era o protagonista da novela. Lamentavelmente, ainda faltavam algumas cenas para serem gravadas pelo ator, entre elas o casamento da filha Olívia com Miguel e o de Santo (seu personagem) com Tereza. O ator havia se destacado em "Cordel Encantado" (2011) e depois disso não parou de fazer novelas. Seu último papel antes de "Velho Chico" foi o Miguel, de "Sete Vidas" (2015).

RETA FINAL

Público foi presenteado com inúmeras cenas boas nas semanas finais da novela (Foto: Reprodução/Globo)

Nas três últimas semanas da novela, o público foi presenteado com grandes cenas. Entre elas, a revelação de que Encarnação foi a mandante do assassinato de Ernesto Rosa; a morte de Martim (Lee Taylor); Encarnação se jogando no rio após sentir a morte do neto; Encarnação indo até a casa de Piedade para pedir perdão por tudo que fez de mal para o família dos Anjos; a morte de Encarnação, depois de dançar uma valsa; Tereza expulsando os cúmplices de Carlos Eduardo do velório de Encarnação; Santo e Afrânio se enfrentam em acerto de contas; Olívia descobre que está grávida e é pedida em casamento por Miguel; casamento de Miguel e Olívia emociona com a 'câmera subjetiva' que fez ser sentida a presença de Santo; Afrânio vai atrás de Martim, se joga no rio e dá adeus ao Coronel Saruê e finalmente tira a peruca; Afrânio aparece no show de Iolanda e deixa uma rosa no camarim de Iolanda; e Iolanda e Afrânio se reconciliam em uma praia. Foram cenas que foram primorosas, valorizando o talento de cada um dos atores: Antônio Fagundes, Camila Pitanga, Christiane Torloni, Domingos Montagner, Gabriel Leone,  Giullia Buscacio, Lee Taylor,  Marcelo Serrado e todos os outros que participaram destas sequências.

A última cena de Domingos Montager, gravada por ele no mesmo dia de seu falecimento, ao lado de Camila Pitanga e Gabriel Leone, constatando que a terra herdada por Miguel não estava morta, foi primorosa e o momento em que os três andam juntos, de costas, poderia ser muito bem utilizado como a cena final da novela.

TRILHA SONORA



A trilha sonora de "Velho Chico", que foi dividida em dois volumes e contou, predominantemente, com a presença de músicas nacionais. E foi uma das trilhas mais bem selecionadas dos últimos tempos. "Tropicália" (Caetano Veloso), "Como 2 e 2" (Gal Costa --- tema de Afrânio e Iolanda), "Coração" (Bárbara Eugênia --- tema de Olívia e Miguel), "Triste Bahia" (Caetano Veloso), "Mortal Loucura" (Maria Bethânia --- tema de Santo e Tereza), "L'Étranger (Forasteiro)" [Thiago Pethit part. Tiê], "Flor de Tangerina" (Alceu Valença), "Encarnação" (Elba Ramalho) e "Monte Castelo" (Legião Urbana" foram algumas das músicas que embalaram os personagens da novela. Como já dito, essa trilha foi primorosa e agradou.

No vídeo acima, você pode escutar "Mortal Loucura", tema de Santo e Tereza.

ÚLTIMA SEMANA
Na última semana da novela, chegou a hora dos últimos conflitos serem resolvidos. Até o penúltimo capítulo, o casamento de Miguel e Olívia, a reconciliação de Iolanda e Afrânio e Cícero e Dalva juntos, com ela se tornando uma cantora, foram alguns dos desfechos da novela.


A cena do confronto do Coronel Saruê e Afrânio, que foi ao ar no capítulo de terça (27), foi sensacional. A entrega do Antônio Fagundes fez essa cena ser uma das melhores da novela. E o jogo de cenas, com Martim contando de um único momento de cumplicidade com o pai, foi tocante. Além disso, a cena de constatação de que ele estava morto também merece menção. Primorosa também.


A cena da reconciliação de Afrânio e Iolanda na praia, exibida no penúltimo capítulo, que foi ao ar nesta quinta (29), foi uma linda cena e que ainda remeteu a cena da primeira fase da novela, quando os dois também iniciaram um novo ciclo em uma sequência praiana. A direção de Luiz Fernando Carvalho novamente fez a diferença e esta cena foi belíssima.

ANÁLISE GERAL


Após mais de seis meses no ar "Velho Chico", novela das nove da Rede Globo chega ao fim nesta sexta-feira, 30 de setembro, teve duas fases distintas e contou a história de Santo (Domingos Montagner) e Tereza (Camila Pitanga), em 172 capítulos. A trama escrita por Bruno Luperi e Benedito Ruy Barbosa não foi, realmente, um novelão, mas a sua caprichada produção (trilha sonora, elenco e fotografia) foi a melhor do horário dos nove dos últimos anos.

Embora para muitos "Velho Chico" tenha sido uma novela que não agradou ---- muito em função do figurino dos personagens, a fotografia e a sua lentidão ----, esta novela (escrita por Bruno Luperi, juntamente com Edmara Barbosa e com a ideia e supervisão de Benedito Ruy Barbosa), foi uma das produções mais caprichadas que eu, particularmente, já vi.

Com um elenco enxuto, a novela conseguiu fazer com que todos os atores e personagens pudessem ter o seu momento de destaque. Com a fotografia linda, mostrou que Luiz Fernando Carvalho é um dos grandes diretores da novela. As mortes de Umberto Magnani e de Domingos Montagner foram tristes e a novela perdeu muito sem eles.

A primeira fase da novela foi primorosa, com o destaque sendo o tom lúdico e um bom início da história. Enquanto a segunda teve o elenco como principal destaque, sendo necessário destacar Antônio Fagundes, Camila Pitanga, Cristiane Torloni, Domingos Montagner, Lucy Alves, Lee Taylor, Iradhir Santos, Zezita de Matos, Gabriel Leone, Giullia Buscacio, Carlos Vereza, Marcelo Serrado e todos os atores que fizeram "Velho Chico".

No geral, podemos constatar que a atual novela das 9, que acaba nesta sexta (30), não foi um novelão, mas conseguiu ser bem melhor, em seu conjunto, que "Babilônia" e"A Regra do Jogo". A partir de segunda (3), a faixa volta a contar com um enredo tradicional e digamos, mais clichê que "Velho Chico". "A Lei do Amor", novela escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari tem tudo para ser um novelão. Aguardemos para ver se corresponderá as expectivas. Viva Velho Chico!

MENÇÃO HONROSA: Destaque para Domingos Montagner, que vivia seu grande momento na carreira como Santo. Foi um dos seus melhores papéis. A direção da novela encontrou uma maneira tocante para que a presença do personagem de Domingos ainda fosse sentida em cena. Foi lindo e uma ótima sacada do diretor Luiz Fernando Carvalho e da Globo.

ATRIZ REVELAÇÃO: Lucy Alves
ATOR REVELAÇÃO: Lee Taylor

MELHOR ATRIZ: Selma Egrei
MELHOR ATOR: Domingos Montagner


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